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Dia das Pessoas Trabalhadoras: Quem pode acessar o mercado formal de trabalho?

Dia das Pessoas Trabalhadoras: Quem pode acessar o mercado formal de trabalho?

No Brasil, de acordo com o relatório anual da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), estima-se que 90% da população de mulheres trans e travestis utilizam a prostituição como fonte primária de renda. Dos assassinatos que aconteceram em 2023, 57% foram contra mulheres trans e travestis que atuavam como profissionais do sexo.

A prostituição no Brasil é compulsória para a população de pessoas transgêneras, travestis e não-binárias, sendo mais agravante quando se trata de mulheres travestis negras, uma vez que, assim como a transfobia, o racismo também é estrutural na sociedade brasileira.

Quando são expulsas de casa, com apenas 13 anos (idade média em que meninas trans e travestis são expulsas), a identidade feminina trans se vê sozinha, desamparada de suporte familiar, políticas públicas, nutrição adequada, formação básica e segurança. A prostituição não é uma decisão; é um recurso final para a sobrevivência.

Meninas trans e travestis crescem

Ao atingirem a maioridade, mulheres trans e travestis que tentam sair da prostituição para ingressar no mercado formal de trabalho enfrentam os desafios de não contarem com uma formação básica ou superior, dos estereótipos que a sociedade estruturalmente transfóbica associa às pessoas transgêneras e travestis, e da falta de referências.

A justificativa desumana, cruel e superficial de que a não contratação de pessoas trans e travestis não ocorre por falta de competência é como tentar colocar um curativo de farmácia em uma fratura exposta. Comparar a trajetória de corpos marginalizados a corpos privilegiados é assumir que a transfobia venceu.

Pessoas trans e travestis precisam de oportunidades, não de julgamentos. Não é falta de vontade, mas de suporte e acolhimento.

O que fazer?

Não podemos esperar que as responsáveis pelos departamentos de pessoas das grandes organizações acordem um dia e queiram incluir pessoas trans e travestis em seus quadros de colaboradores. Empresas conservadoras, que são estruturalmente transfóbicas e racistas, não se importam com pessoas; o foco é o lucro, mesmo que, devido à falta de oportunidades, a margem da sociedade seja o destino de milhares de jovens vítimas da transfobia.

A mudança começa com cada um de nós. Se você conhece uma pessoa trans ou travesti que está procurando uma oportunidade de trabalho, peça que ela lhe envie um currículo, indique essa pessoa para vagas de trabalho, seja o contato de referência, ajude na edição do currículo e na construção do perfil do LinkedIn.

Caso trabalhe no departamento de recursos humanos de uma organização e participe dos processos de recrutamento e seleção, converse com suas colegas sobre a importância da inclusão real no ambiente de trabalho, oferecendo vagas afirmativas e processos seletivos trans-inclusivos, respeitando os pronomes, o nome social e a trajetória de candidaturas de pessoas trans e travestis.

O acolhimento se transforma em potencial quando as portas da inclusão e permanência se abrem!

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